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Governo Federal anunciou implementação para tentar conter a destruição de parte da vegetação do Cerrado

O bioma perdeu 11 mil km² de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe)

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Desmatamento no Cerrado – Foto: José Cícero / Agência Pública

Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília – O governo federal anunciou a implementação de um novo conjunto de medidas intersetoriais para tentar conter a destruição de parte da vegetação do Cerrado. O lançamento da quarta fase do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no bioma (PPCerrado) coincidiu com a divulgação dos mais recentes dados da degradação ambiental do bioma.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou nesta terça que o Cerrado perdeu 11.011 quilômetros quadrados (km²) de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023. A área suprimida é 3% superior à registrada entre os mesmos meses de 2021/2022, quando uma área de 10.688 km² de flora original do bioma foi destruída.

A área desmatada vem aumentando ininterruptamente desde 2019, ano em que o governo do então presidente da República Jair Bolsonaro revogou os decretos presidenciais de 2003 e de 2010 que instituíam, respectivamente, a comissão executiva do PPCerrado e o plano propriamente dito. A comissão foi restabelecida já no primeiro dia da atual gestão federal, por meio de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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A nova fase do PPCerrado, a quarta desde sua criação e a primeira desde 2019, será implementada entre os anos de 2023 e 2027, com o objetivo de unir os esforços de diversos órgãos públicos federais que, no Cerrado, atuarão sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima a fim de alcançar o desmatamento zero até 2030.

Ao participar da divulgação das informações relativas à supressão da vegetação do Cerrado e da apresentação do novo PPCerrrado, a ministra Marina Silva comentou que o plano foi elaborado “a muitas mãos” e é “altamente relevante para o enfrentamento dos problemas no bioma”.

Coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do Inpe, Cláudio Almeida destacou que o PPCerrado estabelece metas, indicadores e prazos que foram submetidos a consulta pública, durante a qual foram colhidas contribuições da sociedade civil.

“O plano não é apenas uma descrição do problema. Ele contém os eixos, os objetivos estratégicos e as ações”, mencionou Almeida, ao elencar as principais causas do atual desmatamento no bioma: a expansão agrícola, a especulação fundiária e a gestão hídrica ineficaz; o manejo inadequado do fogo; a dificuldade de monitorar a legalidade do desmatamento vinculado às cadeias produtivas e o baixo nível de reconhecimento dos territórios coletivos e unidades de conservação.

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O Cerrado abrange 13 unidades federativas brasileiras, ocupando cerca de 23% do território nacional. É o segundo maior bioma da América do Sul e do Brasil, ficando atrás apenas da Amazônia. Nele, formam-se importantes afluentes das maiores bacias hidrográficas do continente: Amazônica; Tocantins-Araguaia; Nordeste Ocidental (ou Meio-Norte); Parnaíba; São Francisco; Paraná; Paraguai (Pantanal) e parte da bacia do Atlântico Leste.

A perda da vegetação nativa no Cerrado representou mais de 40% de todo o desmatamento no país entre 2019 e 2022. Entre 2003 e 2022, perderam-se 12% da vegetação nativa do bioma (24 milhões de hectares), uma área equivalente à do estado de São Paulo. Em 2020, o bioma possuía 49% da vegetação nativa original, com 29% e 14% ocupados, respectivamente, por áreas de pastagem e culturas agrícolas (incluindo florestas plantadas).

A íntegra da nova fase do plano de ação pode ser acessada na página do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima na internet.

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Operação Pantanal mobiliza 700 profissionais do Governo Federal; Equipes já resgataram 548 animais

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Esforço da força-tarefa que reúne servidores de diversas áreas resultou na extinção ou controle de 89,5% dos focos de incêndio na região – Foto: Assessoria (Gov)

(Gov) – A frente de batalha contra o fogo na região do Pantanal conta com 700 profissionais do Governo Federal. Um trabalho que, este ano, começou antes do habitual, com a contratação recorde de brigadistas pelo Ibama no Mato Grosso do Sul.

“São 145 brigadistas que já estão contratados. A gente contratou quase metade do contingente no mês de junho, porque o objetivo principal era fazer uma boa prevenção, preparação para a temporada de incêndio que normalmente começa em agosto. Mas desde o primeiro dia desses brigadistas eles já começaram a atuar no combate”, ressaltou o coordenador-geral do Prevfogo/MS, Márcio Yule, responsável por todas as operações de combate aos incêndios do Pantanal.

“Todos os dias, quando eu saio de casa, olho para trás e lembro da minha família, e eu sei que meus companheiros também fazem isso. Então, o motivo de eu estar aqui ajudando eles é porque sei que cada um aqui tem família e cada um precisa voltar para as suas famílias”, diz Jeffite Cordeiro Ambrósio Brigadista chefe de enfermaria do Prevfogo

A atuação das equipes começou já no primeiro dia de junho. “No dia 20, a gente recebeu brigadista de outros estados, brigadista de brigadas Pronto Emprego de Rondônia, da Bahia, de Goiás, do Rio de Janeiro, do Distrito Federal — o Distrito Federal também mandou brigadista de logística — e a gente montou um grande acampamento aqui na base da Brigada Pronto Emprego de Corumbá”, completou.

Do total de profissionais em campo, 268 são das Forças Armadas, 344 do Ibama e ICMBio, 72 da Força Nacional de Segurança Pública e 16 do Ministério da Saúde e da Polícia Federal. Também há 16 aeronaves federais atuando na região: 4 aviões e 3 helicópteros do Ibama e ICMBio e 2 aviões e 7 helicópteros das Forças Armadas. De embarcações, são 30 — 22 das Forças Armadas, 7 do Ibama e ICMBio e 1 da PF.

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Responsável por atender os demais profissionais que atuam na operação, o brigadista chefe de enfermaria do Prevfogo, Jeffite Cordeiro Ambrósio, exerce essa função com orgulho. “Todos os dias, quando eu saio de casa, olho para trás e lembro da minha família, e eu sei que meus companheiros também fazem isso. Então, o motivo de eu estar aqui ajudando eles é porque sei que cada um aqui tem família e cada um precisa voltar para as suas famílias”, declarou.

ANO ATÍPICO – “A gente está num ano totalmente atípico”, explicou a funcionária do Ibama Ana Maria Canut, chefe da Operação Pantanal Sul. Os incêndios na região começaram muito mais cedo: desde o início de junho já tinha brigada em combate.

“Então, uma coisa que eu peço para a população é não utilizar o fogo. Quer seja fazer uma fogueira, quer seja fazer limpeza de roça. Não é o momento mais de a gente utilizar fogo, porque está muito crítico e isso pode piorar os incêndios florestais”, diz Ana Maria Canut Chefe da Operação Pantanal Sul

No Pantanal, segundo ela, o período crítico é agosto e setembro. “Então, uma coisa que eu peço para a população é não utilizar o fogo. Quer seja fazer uma fogueira, quer seja fazer limpeza de roça. Não é o momento mais de a gente utilizar fogo, porque está muito crítico e isso pode piorar os incêndios florestais”, fez o apelo. O uso do fogo no Pantanal está proibido e é crime, com pena de 2 a 4 anos de prisão.

Servidora lotada em Brasília (DF), Ana Maria é responsável pelo combate ampliado, montagem de equipes e apoio à construção de operações. “Outro recado que eu quero deixar para as famílias é: se o fogo estiver chegando próximo da sua casa, chame o profissional apto a combater. Nossos telefones estão no site, ou você pode ligar no 0800-061-0808, que é o 0800 do Ibama, pra gente poder ajudar”, informou.

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Dos 67 focos de incêndio registrados no Pantanal até segunda-feira, 22 de julho, 42 já foram completamente extintos e outros 18 estão controlados. Sete permanecem ativos, o equivalente a 10,5% do total, e estão sendo monitorados pelos governos federal e estadual. Ainda restam ilhas, troncos, árvores e outros combustíveis florestais queimando na área — focos ativos que precisam ser extintos para não ultrapassar a linha de controle e provocar novos incêndios. As equipes em campo já resgataram 548 animais silvestres.

Na semana passada, uma comitiva composta pelos ministros Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), e representantes do Ibama e ICMBio. O grupo sobrevoou as áreas atingidas pelos incêndios no Pantanal.

Na semana anterior, uma Medida Provisória liberou crédito extraordinário no valor de R$ 137,6 milhões em favor dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, do Meio Ambiente e Mudança do Clima e da Defesa para atender ações emergenciais no combate aos incêndios, além da crítica escassez hídrica que afeta a região.

“O Pantanal é nosso patrimônio. É patrimônio da humanidade. É a maior planície alagável do mundo. Está sofrendo muito por efeitos climáticos, por uma mudança do tempo, é natural que a gente tenha que reforçar, redobrar esforços. Então, sim, o dinheiro está na conta. O presidente Lula disse: ‘Crie quantos créditos extraordinários forem necessários, ministra Simone. Você conhece a realidade, é do estado, não pode faltar recursos’. E não estão faltando”, afirmou a ministra Tebet no programa “Bom Dia, Ministra” do dia 18 de julho.

O montante ajudará na contratação de brigadistas, aquisição de equipamentos de proteção individual e de combate, pagamento de despesas de diárias e passagens e locação de meios de transporte, terrestre e aéreo, nas ações de suporte com aeronaves, atividades do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), incluindo atividades relacionadas a campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento e pesquisa.

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