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Estiagem extrema impacta turismo de base comunitária na Amazônia e pousada interrompe as atividades

Aliança Amazônia Clima, facilitada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), distribuiu cestas básicas beneficiando aproximadamente 150 moradores das comunidades Santa Helena do Inglês e Saracá, que estão isoladas e dependem do turismo de base comunitária

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À esquerda, imagem da Comunidade Santa Helena do Inglês na cheia – Foto Roldolfo Pongelupe. À direita, na seca – Foto: Lucas Bonny

O Rio Negro atingiu nessa segunda-feira (16) o nível mais baixo já registrado na história, superando a seca de 2010, de acordo com dados do Porto de Manaus. Os efeitos da estiagem severa são sentidos pelas comunidades no entorno da capital amazonense. Santa Helena do Inglês e Saracá, polos vibrantes do turismo de base comunitária na região, enfrentam a dificuldade de acesso a itens básicos, como alimentos e água potável. No lugar dos típicos barcos, tratores estão sendo usados para o transporte de alimentos, em um trajeto de 20 minutos ou de quase 1 hora, a pé no sol escaldante. 

Nessas comunidades ribeirinhas, localizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, distante cerca de 1h30 de Manaus, outro fator tem piorado a qualidade de vida dos moradores: a poluição da fumaça dos incêndios florestais que têm aumentado nessa temporada. “Acho que essa seca tá pior que a de 2010, porque tá mais difícil pra sair e chegar nas comunidades. E naquela época não tinha fumaça”, afirma Sebastião Brito, presidente comunitário do Saracá.   

Seca extrema obriga pousada comunitária a fechar as portas para a temporada 

Os efeitos severos da seca também são sentidos nas fontes de renda dessas comunidades, que há mais de uma década trabalham uma alternativa econômica sustentável: o turismo de base comunitária. Em Santa Helena do Inglês, a pousada Vista do Rio Negro vai fechar as portas pelos próximos 2 meses pela falta de condições de manter a logística e estrutura para receber novos turistas durante a estiagem.  

“A gente teve que desmarcar reservas e devolver dinheiro. Eu nunca tinha visto uma seca tão forte assim”, conta a gestora da pousada, Adriana de Siqueira, que lamenta o impacto no negócio, que aquece a economia local. “Algumas doações estão chegando (para a comunidade), mas a gente não queria viver de doação, a gente queria viver do nosso trabalho”.  

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A pousada, assim como outros empreendimentos turísticos na região do Rio Negro, foi implementada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com recursos do Fundo Amazônia. O objetivo da fundação é estimular o desenvolvimento do turismo protagonizado pelas pessoas que vivem nas comunidades, mantendo a floresta em pé e promovendo a prosperidade social.  

Em Santa Helena do Inglês também funciona um projeto de energia solar. O sistema, que conta com 132 painéis solares, 54 baterias de lítio e 9 inversores híbridos, abastece as residências e propriedades privadas, igreja, centro comunitário, escola, fornece iluminação pública, e atende as mais de 30 famílias que moram na comunidade, uma parceria da FAS com a Unicoba. Contudo, a seca do Rio Negro, afeta igualmente a disponibilidade dos serviços estaduais e municipal de saúde e educação. “Os médicos não estão mais visitando as comunidades e as aulas estão suspensas”, diz Adriana. 

Aliança Amazônia Clima leva ajuda emergencial a comunidades afetadas pela estiagem 

Diante de uma temporada de estiagem sem precedentes, organizações da sociedade civil juntaram-se na iniciativa chamada Aliança Amazônia Clima. Facilitada pela Fundação Amazônia Sustentável, a aliança está mobilizando doações de itens de primeira necessidade e destinando às comunidades mais afetadas pela seca. Na última sexta-feira (13), a aliança realizou a entrega de cestas básicas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro que beneficiaram cerca de 150 pessoas nas comunidades Santa Helena do Inglês e Saracá. 

“A Aliança Amazônia Clima atendeu o pedido da Associação da RDS do Rio Negro, que representa os moradores da região, e levou 38 cestas básicas, que foram distribuídas para as famílias e regiões mais necessitadas, mapeadas no território”, informa Valcleia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS.  

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Valcleia conta que a missão de entrega dos donativos foi dificultada pelo baixo volume do Rio Negro e pela intensa camada de fumaça que cobriu o céu nos últimos dias em Manaus e região, mas o objetivo imediato foi alcançado. “Tivemos muita dificuldade de chegar, mas chegamos, e é importante dizer que a Aliança Amazônia Clima tem tudo para contribuir com o poder público e trazer um alento para as comunidades impactadas pela seca. É desafiador, é difícil, mas não é impossível, e esse é só o começo do trabalho que temos pela frente”, afirma a superintendente da FAS. 

Como ajudar  

A Aliança Amazônia Clima está arrecadando alimentos não perecíveis, água potável e valores financeiros para compra de itens de necessidade básica em apoio às comunidades afetadas pela seca extrema na região. As doações podem ser entregues na sede da FAS, localizada na Rua Álvaro Braga, 351, bairro Parque Dez, em Manaus (AM). As contribuições financeiras podem ser feitas por meio da chave PIX 03351359000188 – Fundação Amazônia Sustentável e pelo site bit.ly/doe-amazonia.   

Desde o dia 1º de outubro, a FAS vem realizando campanhas para ajudar regiões e comunidades impactadas pela seca, como a vila de Nossa Senhora Nazaré do Arumã, em Beruri (AM), que foi atingida por um deslizamento de terra, e as comunidades Betel e Braga, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Lago do Piranha (AM). As doações arrecadadas até o momento ultrapassam os R$ 100 mil e foram convertidas na compra de cestas básicas, kits de higiene, galões de água mineral, materiais para construção de sistemas de captação e tratamento de água, entre outros itens.

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Governo Federal vai enviar ao Congresso Nacional Plano de Desenvolvimento da Amazônia 2024-2027

Iniciativa visa tornar a região uma referência na valorização da sociobiodiversidade, a partir da implementação de 11 programas nos próximos quatro anos

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Foto: Assessoria / Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

SCSPR – O Governo Federal vai enviar ao Congresso Nacional o projeto de lei para criar o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) para o período de 2024 a 2027. Assinado pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin e publicado na edição desta quarta-feira, 29 de novembro, do Diário Oficial da União (DOU), o PL foi elaborado em consonância com o Plano Plurianual 2024-2027, que já tramita no Congresso.

O principal objetivo do PRDA é tornar a Amazônia referência na valorização da sociobiodiversidade como elemento propulsor do desenvolvimento sustentável. Para isso, aposta na estratégia de integração e diversificação produtiva da biodiversidade, com agregação de valor.

Os princípios que deverão nortear a execução do PRDA são: transparência e participação social; solidariedade regional e cooperação federativa; planejamento integrado e transversalidade da política pública; atuação multiescalar no território nacional; desenvolvimento sustentável; e reconhecimento e valorização da diversidade ambiental, social, cultural e econômica das regiões.

O plano propõe o desenvolvimento de 11 programas, com uma série de ações estratégicas, e aponta os ministérios que serão parceiros na implementação. São eles:

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Bioeconomia para o desenvolvimento sustentável

Agropecuária inclusiva e sustentável

Indústria e serviços sustentáveis

Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação da Amazônia

Qualificação do capital humano

Logística e integração

Infraestrutura rural e urbana

Sustentabilidade e conservação ambiental

Fortalecimento da gestão e da governança pública

Inclusão produtiva

Bem-estar social

Caberá ao Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) definir, por meio de resolução, os atributos infralegais referentes ao PRDA relativos a ações indicativas e projetos complementares, indicadores de produto e metas, e outros atributos infralegais.

O PRDA será monitorado e avaliado pela Sudam, que acompanhará junto aos ministérios o monitoramento dos atributos do Plano Plurianual relacionados ao PRDA.

A Câmara de Políticas de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional será responsável pelo monitoramento e a articulação intragovernamental do Governo Federal, enquanto o Conselho Deliberativo da Sudam ficará responsável pelo monitoramento e a articulação interfederativa.

As fontes de recursos do PRDA serão: orçamento geral da União e dos estados amazônicos; Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO); Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA); fundos constituídos pelos governos estaduais e municipais; incentivos e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia; programas de desenvolvimento de instituições financeiras federais e estaduais; e outras fontes de recursos nacionais e internacionais.

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Entre maio e junho de 2023, foram coletadas sugestões para o PRDA 2024-2027, por meio de consulta pública que totalizou 492 participações. Os participantes foram convidados a responder perguntas objetivas e subjetivas, que foram analisadas pela Sudam e consideradas na elaboração do plano.

O Poder Executivo também formulou os planos de desenvolvimento regional do Centro-Oeste e do Nordeste para o período de 2024 a 2027.

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