Restauração custou R$ 12 milhões, após termo de ajustamento de conduta assinado entre o Iphan e empresa de energia – Foto: Assessoria

(Gov) – Em evento realizado na tarde da terça-feira (11/3), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) celebrou a mudança da sua superintendência no Piauí para o Complexo da Estação Ferroviária de Teresina. Inaugurado em 1926 e tombado pelo Iphan em 2013, o prédio passou por restaurações recentes que preservaram suas características arquitetônicas originais, mas adaptando-as para novos usos.

A restauração custou em torno de R$ 12 milhões, oriundos de um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado entre o Iphan e a Taesa, empresa de transmissão de energia elétrica. Toda a obra, que durou de março de 2023 a junho de 2024, teve a orientação e acompanhamento da equipe técnica do Iphan.

A solenidade de inauguração da nova sede do Iphan no estado contou com a presença do presidente do Instituto, Leandro Grass, da superintendente, Teresinha de Jesus Ferreira, além de diretores do órgão e autoridades políticas locais, como a secretária estadual de Cultura, Ingrid Persi, o deputado estadual Fábio Novo (PT-PI) e o presidente da Companhia Ferroviária e de Logística do Piauí (CFLP), Wilson Martins.

“A cultura é aquilo que nos une, que nos faz sentir pertencentes a um mesmo país. Estamos entregando a Estação Ferroviária de Teresina com o sentimento de que a preservação deste patrimônio cultural deve ser pactuada com todas as frentes – estado, município e sociedade civil – para as futuras gerações”, declarou o presidente do Iphan, Leandro Grass.

Formado por um prédio principal e dois galpões, o conjunto da Estação Ferroviária de Teresina está inscrito nos Livros do Tombo Histórico e das Belas Artes, como patrimônio exemplar de uma época e de um Brasil ainda integrado essencialmente por ferrovias. Agora, além de abrigar as sedes da superintendência do Iphan e da CLFP – que também já havia transferido suas operações para lá no início de 2025 – a Estação servirá de polo cultural da capital piauiense, com espaço para exposições, biblioteca, auditório e teatro.

Foto: Mariana Alves/ Iphan

“Nós estamos planejando várias ações para este prédio, que vai ser a casa dos fazedores de Cultura daqui de Teresina”, disse a superintendente do Iphan, Teresinha de Jesus Ferreira.

Reconhecimento à Arte Santeira e à Igreja de Lourdes

A cerimônia foi marcada por apresentações de expressões culturais reconhecidas como Patrimônio Imaterial do Brasil, como o repente, a capoeira e o teatro de bonecos do Nordeste. E em homenagem a outra forma de expressão também recentemente registrada pelo Iphan como patrimônio, artesãos locais foram convidados para receber títulos de mestres da Arte Santeira em Madeira.

O reconhecimento teve relação direta com outra agenda especial do Iphan, ocorrida mais cedo. Na manhã do mesmo dia, a comitiva formada por presidente, diretores e superintendente do Instituto atendeu a uma missa na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, no bairro da Vermelha, tombada pelo Iphan em novembro de 2024, no mesmo processo de registro da arte santeira como patrimônio. Construída entre as décadas de 1960 e 1970, a igreja é particularmente conhecida pelo seu rico acervo de arte santeira, reflexo de uma época em que a Igreja Católica buscava se aproximar das classes trabalhadoras.

Em discursos proferidos durante a missa, tanto a superintendente quanto o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee, anunciaram a perspectiva de novos investimentos para a conservação do templo no âmbito do Programa Conviver. Por meio dos chamados canteiros-modelo, em parceria com universidades e institutos federais, o programa do Iphan promove assistência técnica e capacitação profissional voltadas para a conservação de imóveis residenciais de interesse social e bens culturais localizados em sítios históricos.

Foto: Mariana Alves/Iphan